A versatilidade e valor das cápsulas duras recheias de líquido

Capsulas-liquidas

Enquanto os produtos biológicos e as terapias genéticas são notícia, as formas farmacêuticas sólidas – quer dizer os comprimidos e cápsulas- seguem sendo o pão de cada dia na administração de medicamentos. Em 2019, mais da metade dos novos fármacos aprovados pelo CDER tinham forma de dosagem sólida, ao igual que a grande maioria dos medicamentos de venda livre com receita [1].

Os motivos disto são simples: as apresentações sólidas são bem conhecidas, rentáveis e preferidas tanto pelos pacientes quanto pelos consumidores. Além do mais, as cápsulas duras recheias de líquido (LFHC) são especialmente atrativas [2].

 

Por que usar as cápsulas duras para líquidos?

As cápsulas duras para líquidos existem desde faz décadas, mas as dificuldades atuais dos API e o aumento da competência têm reavivado o interesse por esta forma farmacêutica versátil e de valor agregado.

Melhor uniformidade do conteúdo. Os API de baixas doses são bons candidatos para este tipo de cápsulas já que as combinações líquidas são mais homogéneas do que as combinações em pó. Os LFHC apresentam uma excelente uniformidade de conteúdo em comparação com os comprimidos.

 

Maior rapidez no desenvolvimento dos produtos e os processos.

 As cápsulas duras a líquidos requerem menos excipientes do que outras formulações, o que pode acelerar o desenvolvimento do produto. O processo de encapsulação implica três passos básicos: encher o corpo da cápsula com líquido mediante bombas volumétricas de alta precisão, colocar a tampa sobre o corpo e aplicar um selo líquido onde se juntam o corpo e a tampa. Este processo é menos complexo e requer menos capital do que a fabricação de cápsulas moles [3, 4]. Os lotes de viabilidade e o aumento de escala também são mais fáceis porque o equipamento de enchimento apresenta-se em todas as escalas, desde a de banco até a de produção e o aumento de escala é geralmente linear [5]. Na maioria dos casos, as mesmas cápsulas utilizadas nos ensaios clínicos podem se utilizar ao produto comercializado. Em contrapartida, outras apresentações requerem um trabalho adicional para passar à escala comercial.

 

Alternativa favorável às cápsulas moles

As cápsulas duras para líquidos oferecem várias vantagens sobre as cápsulas moles. Em primeiro lugar, é mais fácil desenvolver produtos e processos com esta tecnologia porque a maquinaria de enchimento e as cápsulas são similares às que se utilizam para produzir cápsulas em pó. Isto reduz a curva de aprendizado aos formuladores e os operadores. O custo capital do equipamento também é menor e as máquinas de enchimento de cápsulas duras podem manejar volumes menores de maneira mais económica. Além do mais, as cápsulas moles contêm até um 30% de plastificante, enquanto que as cápsulas duras não têm plastificantes, aparte da água. Isto pode influir na seleção de excipientes e na estabilidade do medicamento. Por exemplo, os portadores hidrofílicos como o polietilenglicol podem ser problemáticos nas cápsulas moles [4, 6]. Em geral, os LFHC são mais resistentes à migração da água e oxigênio [3].

 

Eleição dos materiais da coberta. 

O principal ingrediente da maioria das cápsulas duras vazias é a gelatina ou a hidroxipropil-metilcelulose (HMPC), também conhecida como hipromelose. Ambos materiais apresentam vantagens segundo a aplicação [7]. A gelatina, procedente de ossos e peles de animais, é o material tradicional e amplamente utilizado, mas a HPMC, derivada de plantas, é uma melhor opção a recheios sensíveis à umidade e higroscópicos ou para quando existe o risco de fragilidade da cápsula [8]. A cápsula HPMC também proporciona maior termo de estabilidade, mas menos proteção contra o oxigênio do que a de gelatina, mas isto último pode se superar acrescentando um antioxidante e/ou utilizando uma embalagem com barreira ao oxigênio [9]. Tanto a gelatina quanto o HPMC podem ser certificados como halal e kosher e, devido à sua origem não animal, o HPMC é a alternativa ideal às pessoas com requisitos ou preferências religiosas ou dietéticas.

 

A composição química da casca é ajustável

Em caso de ser preciso, a química das cobertas das cápsulas de gelatina e de HPMC pode se adaptar à formulação que contêm, por exemplo, acomodando materiais de recheio higroscópicos, hidrofílicos e lipofílicos. Existem cápsulas e bandas aromatizadas para evitar os odores desagradáveis [10].

 

Flexibilidade na escala de produção. 

Dado que os LFHC são mais fáceis de fabricar em lotes pequenos, os fabricantes farmacêuticos podem aproveitar melhor a procura de terapias de nicho e atender a mercados de suplementos nutricionais menores do que normalmente prefere-se. As pequenas series de produção também fazem mais viáveis os testes A/B. Ao começar com uma quantidade limitada, pode-se ver se o produto cumpre com as expectativas de vendas antes de adoptar um compromisso maior.

 

Formas combinadas

Os LFHC podem se combinar com outras formulações sólidas ou combinar APIs. Combodart, por exemplo, combina dutasterida e tamsulosina [11]. Estas combinações de doses fixas têm perfis de liberação inovadores para lograr um efeito terapêutico superior [12]. Ante o aumento da competência e dos substitutos genéricos no horizonte, as novas melhoras convertem-se em vantagens valiosas.

Amplas opções de marca e identificação.

As cápsulas duras vêm numa gama ilimitada de combinações de cores entre o corpo da cápsula, a tampa e o selo da banda [10]. Além do mais, as cápsulas duras podem incluir logotipos pré-impressos ou outras impressões que melhoram a marca e a identificação.

 

Formulação mais fácil de APIs difíceis. 

As cápsulas recheias de líquido fazem que os ativos difíceis – aqueles com baixa solubilidade em água e/ou pouca permeabilidade – estejam mais biodisponíveis [3]. Uma alta percentagem das novas entidades moleculares (NME) e dos princípios ativos farmacêuticos (API) são deste tipo (Classe IV da BCS), o que significa que não podem ser absorbidos facilmente pelo organismo quando se administram como sólidos convencionais. Embora, os formuladores podem micronizar ou dar-lhe um nanotamanho ao API a melhorar a absorção, as partículas superfinas são difíceis de administrar em forma sólida. Porém, uma vez dispersas num portador líquido, se enchem facilmente em cápsulas. Um método popular é criar formulações baseadas em lipídios, como os sistemas de administração de fármacos auto-emulsionáveis (ou automicroemulsionáveis) (SEDDS/SMEDDS) [15, 16].

 

Manipulação mais segura dos HPAPIs. 

Os LFHC também são úteis a administrar APIs de alta potência (HPAPIs), como as citotoxinas. Num suporte líquido, é muito menos provável que os HPAPIs migrem, reduzindo o risco de exposição dos trabalhadores e a necessidade de uma contenção de custos. De fato, a maioria das substâncias são mais fáceis de manipular e se comportam de forma mais previsível num suporte líquido, independentemente da sua potência, o que faz que o suprimento de LFHC seja considerado como o método preferido [3].

 

Experiência à mão. 

Os profundos conhecimentos dos fornecedores de cápsulas duras como a Farmacapsulas sempre têm sido importantes ao desenvolvimento e a fabricação de cápsulas duras a líquidos e no serviço de manufatura destes produtos. Agora, a ajudar a mais fabricantes a aproveitar as vantagens desta tecnologia, temos expandido os nossos serviços e instalações e oferecemos a nossa experiência para ajudar a desenvolver e fabricar os seus produtos em este tipo de cápsulas. Fale conosco para saber mais da tecnologia e as instalações que podem acelerar e melhorar o seu projeto de enchimento de líquidos, suspensões ou semissólidos nas nossas cápsulas de gelatina e HPMC.

 

Referências

  1. US FDA, Novel Drug Approvals for 2019.
  2. Stegeman S., Lehmann C., Lowery M. (2011) OTC products: Understanding consumer expectations and perceptions. Tablets & Capsules, 9(1).
  3. Cole E.T., Cadé D. and Benameur H. (2008) Challenges and opportunities in the encapsulation of liquid and semi-solid formulations into capsules for oral administration. Adv Drug Deliv Rev Mar 17;6(60):747-56. DOI: 10.1016/j.addr.2007.09.009.
  4. Gullapalli, R.P. (2010) Soft gelatin capsules (softgels). J Pharm Sci Oct;99(10):4107-48.
  5. McTaggart C. et al. (1984) The evaluation of an automatic system for filling liquids into hard gelatin capsules. J Pharm Pharmacol Feb;36(2):119-21. DOI: 10.1111/j.2042-7158.1984.tb03007.x.
  6. Reich, G. (2004) Formulation and physical properties of soft capsules. In Pharmaceutical Capsules, Podczek, F. and Jones, B.E., eds. Pharmaceutical Press.
  7. Al-Tabakha M.M. et al. (2015) Influence of capsule shell composition on the performance indicators of hypromellose capsule in comparison to hard gelatin capsules. Drug Dev Ind Pharm 41(10), 1726-1737. DOI: 10.3109/03639045.2014.1002409.
  8. Barham A.S., Tewes, F. and Healy A.M. (2014) Moisture diffusion and permeability characteristics of hydroxypropylmethylcellulose and hard gelatin capsules.
  9. Jones, B.E. (2017) HPMC and hygroscopic fills: Some clarification. Tablets & Capsules 15(1).
  10. CapsCanada, Dania Beach, FL.
  11. Drugs.com
  12. US FDA European Medicines Agency (2017) Guideline on clinical development of fixed combination medicinal products.
  13. McNaughton A. (2018) Abuse-deterrent formulation technologies: Opportunities and limitations. Tablets and Capsules (16)1.
  14. Hawley A.R., Rowley G., Lough W.J. and Chatham S. (1992) Physical and chemical characterization of thermosoftened bases for molten filled hard gelatin capsule formulations, Drug Dev Ind Pharm, 18:16, 1719-1739. DOI: 10.3109/03639049209040898
  15. Kommuru T.R., Gurley B., Khan M.A., Reddy K. (2001) Self-emulsifying drug delivery systems (SEDDS) of coenzyme Q10: formulation development and bioavailability assessment. Int J Pharm Jan 16;212(2):233-46. DOI: 10.1016/s0378-5173(00)00614-1.
  16. Feeney, O.M. (2016) 50 years of oral lipid-based formulations: Provenance, progress and future perspective. Adv Drug Deliv. Rev., 101: 167-194. DOI: 10.1016/j.addr.2016.04.00.